25 abril 2009

Episódio O Picapau Amarelo


“Longe, muito longe dos edifícios altos e das cidades grandes, num lugar em que não há máquinas ruidosas para demolir o velho e construir o novo em nome de uma febre que se chama progresso; num pedaço de terra, em que a paz e o sossego ainda são muito mais importantes do que um arranha-céu ou do que qualquer aparelho de conforto, no ramal desconhecido de uma velha ferrovia esquecida junto a um povoado tranqüilo e pacato existe um sítio que só mesmo a imaginação de um homem genial poderia ter criado.


É lá que a prodigiosa Tia Nastácia cuida das flores com o mesmo carinho que prepara os bolinhos mais deliciosos do mundo; é lá, que numa casinha simples vive Dona Benta Encerrabodes de Oliveira, a mais feliz das vovós e sua neta Lúcia, a menina do narizinho arrebitado – Narizinho como todos a chamam - e Emília, uma boneca toda desengonçada feita de retalhos pelas mãos da boa Tia Nastácia.Emília é desengonçada sim, mas é a boneca de que Narizinho mais gosta e este lugar tão feliz, tem um nome encantado. É lá O SITIO DO PICA PAU AMARELO”.
Foi partindo desta premissa que um dos mais importantes programas infantis da tv brasileira foi criado. É difícil definir uma sinopse para os capítulos iniciais, nas palavras de seu principal roteirista, Wilson Rocha:


“Quando o Sítio começou, os autores éramos apenas eu, o Paulo Afffonso Grisolli (recém falecido), e - por um curtíssimo espaço de tempo, o Giuseppe Ghiaroni. Logo o Ghiaroni saiu para o SBT, e ficamos eu e o Grisolli. Esse "episódio" contínuo não era bem como você diz. Eu e Grisolli íamos narrando por nossa conta, sem a exata ordenação de que personagem é criado, quem aparece e quando...Não havia uma sinopse. O líder dessa fase era o Grisolli, com quem eu trabalhava grudado, e o Ghiaroni era mais uma espécie de caudatário da dupla, que contribuía com excelentes idéias, mas que - do mesmo modo que eu - não conseguia conter o ímpeto criativo do Grisolli, sempre brilhante e incontrolável. Lembro que inventamos um cara que ficou preso numa urna (vaso) árabe, e que viajava como presente de parentes para o Elias Turco, e nunca conseguia chegar ao arraial de Tucanos. Lembro de uma família italiana maluca, que, como a tal urna, jamais esteve em Lobato. No meio disso a fuga de um rinoceronte, que ia parar no Sítio, e se torna Quindim. Era muito divertido, mas não era Lobato puro. O que nós fazíamos era uma série contínua e com pouco Lobato. Mas, naquela fase minha com o Grisolli, a direção da Globo teve o bom senso de nos mandar parar com a "loucura" e voltar a Lobato, e com episódios fechados de 20 a 30 capítulos, como ficou até o fim. Eu e Grisolli fizemos assim 70 capítulos, e, porque reagiu e não concordou, o Grisolli foi afastado, e, para escrever pouco mais de um ano, sem nenhum contato comigo, veio o Benedito Ruy Barbosa, que depois também saiu, dando lugar ao Marco Rey e ao Sylvan Paezzo, que criaram comigo pelo resto dos dez anos que o Sítio durou. Como te disse, não há sinopse geral. Cada um dos 70 capítulos teve uma longa e detalhada escaleta de assuntos, pela qual mais ou menos se podia saber o que acontecia em cada um.”
Wilson Rocha.


Nesses 70 capítulos, o começo de tudo é contado, entremeado por essas deliciosas “maluquices” que aconteciam: Pedrinho ainda estava na cidade (de castigo por suas travessuras) com sua mãe Antonica. Enquanto isso no sítio, Narizinho e Dona Benta tentam convencer a mãe do menino a deixá-lo ir para o Pica Pau Amarelo. Antonica cede ao apelos e deixa Pedrinho ir. Na maior festa, Dona Benta, Tia Nastácia e a menina iniciam os preparativos para recebê-lo. Quando finalmente chega ao sítio, Pedrinho, Narizinho e Emília (ainda uma simples bonequinha de pano sem fala) partem para as aventuras que maravilharam crianças ao longo dos anos, como a visita ao Reino das Águas Claras onde conhecem o Príncipe Escamado e toda a sua corte.

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